Um reencontro em três esferas
No final da minha graduação em História na Universidade São Paulo, em 1998, a tarefa de montar uma exposição permanente para o museu de Quiririm estava para ser feita. À época, a parceria entre a Prefeitura Municipal de Taubaté e a Società Trenta di Aprile era intensa e o então prefeito José Bernardo Ortiz havia incumbido a associação desta tarefa.
Como diretora cultural da Società e graduanda em História, me responsabilizei por pesquisar os temas museus e exposições. No curso de minhas pesquisas, descobri que uma de minhas professorasna Universidade de São Paulo, Marlene Suano, havia publicado um livro (O que é Museu( sobre o tema na Coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense .
Me dirigi a ela e Quiririm despertou de imediato seu interesse. A razão: ela trabalhava há muitos anos como arqueóloga exatamente na região de origem de meus antepassados, na região das cidadezinhas de Vinchiaturo e Cercemaggiore, no estado do Molise. Me contou que fazia pesquisas arqueológicas anualmente ali, sempre tendo como parceira uma arqueóloga italiana, Angela de Niro. Queria contar a ela sobre nossa existência, sobre nossa origem molisana.
Alguns anos depois, as duas estiveram em Quiririm e Angela me entrevistou para a revista Millimetri, revista regional que se dedicava, entre outros, ao tema da emigração de cidadãos de Cercemaggiore. Angela ficou surpresa com algumas coisas relatadas por mim e a principal delas foi o fato de ainda fazermos ciadune, um prato típico de Cercemaggiore (embora tenhamos mudado a receita…).
Depois da publicação do artigo não nos falamos mais com tanta frequência, mas algo havia ficado.
Agora, 25 anos depois, voltamos a nos encontrar. Quando perguntei a ela alguns meses atrás sobre a possibilidade de mostrar o documentário em Cercemaggiore, se empolgou com a ideia e sugeriu que acrescentássemos à exibição uma mostra sobre Quiririm. A ela demos o nome de Un vecchio tralcio per una nuova terra. I molisani a Quiririm: una storia di successo.
A exibição do documentário em Cercemaggiore, minha ida para lá e a exposição sobre Quiririm são muito mais do que uma retomada de contato. Este evento é, ao mesmo tempo um reencontro pessoal, uma possibilidade de reatamento de laços entre famílias e ainda um encontro entre o lugar de partida e de chegada. Um encontro entre Quiririm e o Molise!